segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Pássaro azul.

Ele viveu muito aqui na terra e até alguns amores cultivou
Mas se apaixonou pela imensidão dos céus em todo o seu esplendor
fosse o impossível de tocá-lo, fosse seu tamanho estarrecedor
algo de novo naquele novo universo o cativou.

Da janela de sua cela o velho pássaro gastava horas observando
sonhando em beijar tão misteriosa entidade que ele tanto amou
O pássaro só podia sonhar, sabia que nunca se libertaria de suas correntes
pousou seu olhar no seu amante e pousou seu corpo no olhar

Não julgue o velho passáro por apenas desejar
ele um dia tentou se atirar naquela imensidão azul, isso o fez se apaixonar
o medo de sua asa quebrar, o levou a recuar

o pássaro se retirou para o interior da floresta até hoje ele encontra lá
com duas asas quebradas e um terrível medo de voa
vive observando de minha janela seu amante constantemente a mudar.

O velho pássaro está preso no meu peito que insiste em não o libertar
quando ele vê o céu, tão formoso, suas asas se agitam. ele tenta escapar.
nesses dias sinto algo de terrível me afetar
me ponho a chorar para lamentar o desavir destes dois amantes

às vezes o velho pássaro se cansa de observar e nas profundidades se recolhe
ele chega ao meu topo, mexe no meu céu, faz com que eu também pare de observar
eu só faço pedir perdão e implorar um pouco de compreensão,que ele volte a observar

temos sido simbióticos por tempo suficiente
o pássaro entende que meu peito não o deixará
ele entende que já não tenho mais o acordo de mim

nos resta esperar para que não passemos a nos parasitar
para que ainda tenhamos esperanças de voar
enquanto houver céu. enquanto houver janela.
enquanto houver pássaro em mim
há também a chance de um salto em queda livre
de ponta a cabeça para o impossível que veio pra ficar.

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