Fazem exatamente duas semanas que cheguei de uma viagem super divertida e bem diferente. Em todas as minhas férias eu viajava para algum lugar praiano, por isso decidimos ir para algum lugar bem diferente e escolhemos Ouro Preto.
Saí do Rio de Janeiro e fiz uma parada de 40 minutos em um restaurante de estrada, com a parada, levamos 6:30 para chegar. Os caminhos para Ouro preto tem uma paisagem de interior toda a viagem, e passamos por três ou quatro cidades, dentre elas Santos Dumont, Conselheiro Lafaiete e Juiz de Fora. Chegamos em Ouro Preto e nos deparamos com um clima bem mais quente do que estavam dizendo. Durante dia o clima variava entre 24 e 19 graus durante o dia, o que para mim não é frio, já que morei muito tempo em uma cidade com essa temperatura. Durante a noite, o frio apertava e em uma madrugada chegou a 2 graus e neste dia a manhã estava com a serração baixíssima, dava para sentir gotinhas no rosto, isto porque Ouro Preto fica muito alto.
Falemos da cidade. Ouro Preto é uma cidade que faz você viver e respirar história e cultura. No primeiro dia, estava em um café na praça principal e vi pessoas deitadas no chão, cobertas de um liquido vermelho, fiquei preocupada e fui dar uma olhada, descobri que era uma companhia de teatro. Isso é muito comum na cidade, tem arte para todo o lugar.
Depois deste dia isto virou rotina, no segundo dia vi dois mímicos fazendo uma cena, no terceiro dia vi dois "bêbados" fingindo uma briga de bar. No último dia aconteceu o que achei mais encantador. Um rapaz vestido de príncipe tocando violino estava rodando a cidade e recitando poesias para uma bailarina que dançava o tempo todo, com sorriso no rosto naquelas ruas de pedras. Ele narrava uma história de amor, que não sei dizer o inicio nem o fim, porque só o encontrei uma vez perto de uma outra coisa que adorei. Haviam vários sebos de beira de rua com livros expostos nas pontes, encontrei um o qual o vendedor era da minha cidade e ficamos conversando um tempo. É muito comum encontrar pessoas hippies ou que viajantes vendendo artesanato, livros, poesia e tudo relacionado a isso. No último dia também encontrei três pessoas pintadas de azul e cabelos vermelhos assustando as pessoas.
Fui nas informações para turistas logo no primeiro dia e o rapaz me atendeu muito bem, ele me deu um mapa e marcou no mapa todos os caminhos que deveria fazer para chegar nos museus, igrejas e monumentos mais importantes da cidade. O primeiro lugar que eu fui a casa dos contos.
Lá estão toda a história financeira do país, algumas medalhas, a produção das primeiras "moedas" e tem uma senzala, que eu achei que era completa, mas era somente a cozinha dos escravos e um pátio. Tinha uma biblioteca enorme com vários livros trazidos e produzidos em Ouro Preto e cartas escritas na época, além de ter uma pequena exposição de artes ao lado. Na casa dos contos é permitida a entrada de cachorros de pequeno porte no colo e a visitação é gratuita.
Muitos lugares de visitação lá não pode fotografar dentro. Um exemplo é o museu da inconfidência que fica na praça Tiradentes, principal praça de Ouro Preto. Assim que entramos nos deparamos com a história da inconfidência, os objetos, roupas e meios de transporte da época, chegando a uma sala com os túmulos de 10 inconfidentes, logo em seguida conhecemos o presídio da época. Subimos então para o segundo andar e vemos várias imagens religiosas, móveis da época, vestimentas dos padres católicos e objetos relacionados á religião, vemos também algumas obras de aleijadinho. O passeio é enorme e lá dentro é tudo muito lindo. Para entrar é pago 10 reais inteira e 5 reais meia-estudante e idoso.
Outra atração muito interessante e bonita de Ouro preto, além de ser uma das principais, que não pode fotografar é a igreja de Nossa senhora da Penha. A igreja é toda planejada para dar idéia da superioridade de Deus e da grandiosidade dos céus, exemplo disto são as paredes da igreja que são inclinadas para fora, assim o teto fica maior representando os céus. Assim como tudo em Ouro Preto, a igreja é totalmente barroca e simbolista e tem seu interior coberto de ouro. Embaixo da igreja também tem um pequeno museu de objetos da liturgia religiosa da época.
Também fui na igreja de Santa Efigênia. A única igreja de Ouro Preto para negros, onde materiais relacionados ao candomblé e religiões africanas estão misturados com objetos da igreja católica, como búzios no altar junto com os anjos. Outro detalhe interessante de dizer são os anjos, que normalmente estão sérios mas que nesta igreja estão sorrindo, para representar a alegria de estar perto dos céus. Também há um padre negro no teto e números no chão, que são túmulos. A igreja também segue o estilo barroco e como ele é simétrico existe um relógio falso para combinar com o verdadeiro da torre direito, e o túmulo da última cuidadora escrava da época está em frente a igreja, também existem um túmulo falso ao lado para seguir a simetria.
Não consegui fotografar esta, por isso peguei uma foto no Google.
Nesta igreja encontramos um guia super legal que nos contou várias histórias que só quem mora lá sabe e nos orientou a conhecermos uma mina de ouro. Fiquei louca para ir mas fiquei com medo de não conseguir entrar, mas fomos.
A mina tem aproximadamente 1 metro de largura e 1,70 de altura, é mais fria e o clima é úmido porém tem o ar um pouco rarefeito. Temos que usar capacete e entrar com uma lanterna. Entramos com um guia que conta histórias que ocorreram lá dentro e explicam como as marcas surgiram, como os escravos encontravam ouro. Provavelmente as histórias que mais me comoveram foi um túnel de muito fundo não tinha oxigênio, cavado por escravos de maioria idosa que morreram cavando-o, porém não tinha quartzo , o sinal de ouro, então todos acham que a exploração foi para matá-los.
Outra história foram os buracos pequenos que existem lá dentro, cavados por meninos de 12 anos que tinham sua produção de hormônios interrompida para não crescer mais. Um dia a área onde maioria trabalhava desmoronou e todos morreram, então os portugueses simplesmente arrumaram o solo em cima dos corpos e mandaram novos escravos.
A mina do Jeje é a menor mina de Ouro Preto e com o ambiente mais comum desde temperatura até umidade. As mortes na caça ao ouro em ouro preto foi maior que as vítimas da segunda guerra mundial e do holocausto juntos, porém isso não é divulgado em livros e escolas.
A cidade é bem pequena e apertada por isso é muito mais fácil percorrê-la a pé, já que para encontrar um estacionamento é difícil. Os pontos turísticos são muito próximos então é mais fácil caminhar, porém os calçados indicados são os baixos, as ruas são pedras e todas são morros e ladeiras, não dá para aguentar 20 minutos de salto ali. Durante a noite só tem alguns bares com música e umas festas em bares já que também é uma cidade de universitários. As coisas na cidade fecham muito cedo, dez horas já está quase tudo fechado. No primeiro dia quase ficamos sem jantar porque saímos 11 horas para procurar comida.
Ouro preto é uma cidade muito agradável de visitar, relaxar e fazer coisas que normalmente não é possível no dia-a-dia da cidade como deitar na praça e ler toda a tarde, ver o pôr do sol ou visitar museus. Quando estava caminhando nas ruas da cidade ficava imaginando o tempo todo que os grandes heróis da inconfidência e reis e rainhas da época andavam ali e o que eles faziam, já que a cidade preservou cada pedrinha do chão. O passeio é um prato cheio para estudantes de história, arte, letras, até mesmo teatro, e religiosos, mas todos deveriam conhecer uma cidade como Ouro Preto.