quinta-feira, 23 de julho de 2015

O castelo de areia

Quando pequena ia à praia com frequência, diversão era garantida ali.
Passatempo favorito? Castelos de areia.
A brincadeira mais infantil possível. Chegava corria para a beira da água, pegava meu baldinho e construía castelos de diferentes modelos. Ficava tão orgulhosa da minha construção que corria e chamava meu pai para olhar mas antes mesmo que ele se virasse já não estava mais lá.
Ficava com tanta raiva. Chorava. Mas nunca fui de desistir, construía outro castelo mais a frente, mais distante da água e novamente ele desmoronava.
Anos depois de não ir mais á praia ,voltei. Claro, que a brincadeira já não tinha mais graça.
Meu passatempo favorito agora é caminhar na praia. Deixo tudo de lado e simplesmente percorro toda a extensão de areia no fim da tarde, sozinha. É quase como um ritual para alma, o vento batendo, pássaros voando e eu ali.
Quando cheguei no fim da caminhada, sentei em uma pedra para descansar um pouco e observei um castelo construído.
Pensei em tudo que estava passando, pensei no meu pai tentando ver meu castelo destruído e as memórias me fizeram entender tudo o que acontecera até ali. 
Não ia ser somente aquele castelo que dediquei todo meu dia na praia, que ia desmoronar e precisaria ser reconstruído.
Não ia ser só a felicidade de conclusão que ia passar tão rápido que não daria tempo de virar para olhar.
Sempre irá vir uma onda para derrubar aquilo tudo para me deixar chateada.
Eu sempre irei puxar meu castelo mais para areia, mas a onda sempre irá alcançá-la
Mas também me lembrei de como a cada castelo derrubado, construía um melhor, mais forte e como o sorriso dos meus pais me confortava. Soube na hora que não importava quantos castelos fossem derrubados, eu sempre construiria melhores.
Ao voltar, com mais coisas na cabeça do que fui, percebi uma última coisa.
Não sou só eu que procurava caminhar pela praia pensando nos meus problemas, não fui só eu que construí castelos que foram derrubados e nem foi a onda a culpada pela minha frustração.
Tantas pegadas na areia ao meu lado, foram de tantos que tiveram seus castelos derrubados. Mas sempre haverá outra pegada ao meu lado, sempre haverá a caminhada na praia e sempre haverá o castelo sendo construído e um dia ele ficará lá, tão consistente quanto o que estava na frente daquela pedra em que coincidentemente sentei.

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